...e agora Renan?

E agora, Renan?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora Renan?
e agora você?
você que é sem visão,
mas que que olha os outros, (você não quer enxergar, confesse)
você que faz versos,
que ama, regressa?
e agora, Renan?

Está sem estrelas,
está sem fôlego,
está sem caminho.
Já não pode tentar,
já não pode sorrir,
o sonho te enjoa.
(cadê o princípe louro?)
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu (e fogem)
de ti,
saia da minha frente, Renan!

Me diga, Renan?
sua doce ternura,
sua divina arrogância...
Cadê? Me diga, me mostre!
Sua gula e jejum,
sua biblioteca,
seu amor, seu ódio,
sua incoerência,
seu grito-e agora?

Com a chave na mão,
quer abrir a porta,
não existe porta;
já não existe ninguém.
O quarto vazio, e você?
quer morrer no mar, que chorar um mar;
mas o mar secou e suas lágrimas não saem.
Então tentas inutilmente se afogar em sons embaixo da coberta.
Querias ir para o Rio,
Rio não há mais.
Renan, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
aqueles pops tão adorados,
se você dormisse,
se você cansasse (e você cansa),
se você levantasse...
sabes que talvez seja fácil
ah, se algo fosse fácil pra ti...
Mas nunca é,
é duro, Renan.

Sozinho no escuro
qual raposa é tão fraca?,
Sem o apoio,
(sem a maquiagem)
para se encostar,
pois bem, que fujas a estalos
estridente e veloz,
você voa, Renan!
Renan, para onde?

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